Feira Pan-Amazônica do Livro dedica programação à memória da Cabanagem e valoriza representações culturais

Debates, projeções e exposição histórica resgatam luta popular e reforçam identidade amazônica


A 28ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes dedicou, nesta quinta-feira (21), uma programação especial à memória da Cabanagem, com painéis, rodas de conversa e projeções audiovisuais que promoveram reflexões sobre justiça, cidadania e identidade amazônica. A iniciativa, organizada pelo Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Cultura (Secult), destacou vozes acadêmicas, artísticas e populares que estudam e representam o movimento cabano como símbolo de resistência e participação popular.

As atividades ocorreram na Arena Multivozes, um dos principais espaços de diálogo da Feira, e reuniram pesquisadores, realizadores e visitantes em torno da importância histórica e simbólica da Cabanagem para a formação social e política da região.

Projeções audiovisuais e protagonismo feminino

Às 16h30, a roda de conversa “Projeções Cabanas: Representações da Cabanagem no Audiovisual Paraense” reuniu os pesquisadores Eliana Ramos e Paulo Evander, sob mediação de Fábio Horácio Castro. O debate discutiu como o movimento é retratado em filmes e produções locais, explorando o papel do audiovisual na construção da memória coletiva.

Eliana Ramos apresentou sua pesquisa sobre a participação feminina na Cabanagem, tema que inspirou um documentário dirigido por Adriana de Paris. “É de extrema importância que a participação feminina em uma revolta tão relevante para a nossa história seja transmitida de forma visual ao público. Dediquei minha vida a isso e reafirmo que precisamos conhecer a nossa história”, enfatizou.

Pesquisadores aprofundam sentidos da revolta

Encerrando a programação noturna, às 19h, os pesquisadores Magda Ricci e Aldrin Figueiredo conduziram um bate-papo sobre os múltiplos significados da Cabanagem. Ricci abordou o contexto histórico da revolta, enquanto Figueiredo trouxe interpretações culturais e simbólicas do movimento.

“A Cabanagem foi, antes de tudo, uma luta por direitos de uma população marginalizada, cabocla e afro-indígena, que estava apartada do poder político e econômico. Esse movimento se tornou um marco na busca por liberdade e cidadania no século XIX”, destacou Aldrin Figueiredo.

Documentos históricos e acesso à memória

Durante todo o dia, o público pôde visitar a exposição “Povo Cabano”, com peças do acervo do Arquivo Público do Estado do Pará (APEP), que trazem registros e documentos originais sobre a Cabanagem. Segundo o diretor do APEP, Leonardo Torii, a ação busca democratizar o acesso à informação histórica.

“Temos documentos que nos mostram como a cabanagem foi múltipla, no sentido das participações populares. O público pôde visualizar, tocar nos documentos e ver um pouquinho da história. A feira é uma ótima oportunidade de popularizar esses registros históricos”, afirmou Torii.

Outras rodas de conversa aprofundam o tema

A Arena Multivozes iniciou a programação às 15h com o debate “Cabanagem - A Revolução Popular da Amazônia”, com Darcy Flexa Di Paolo e Ítalo Flexa Di Paolo, mediados por Wesley Nascimento. Na sequência, às 17h30, a roda “Os Juízes da Guerra e da Paz: Justiça, Cidadania e Mobilização Política no Contexto da Cabanagem” contou com a participação da pesquisadora Letícia Barriga e da debatedora Dani Moura, com mediação de Leonardo Torii.

Presente nas atividades, a nutricionista Nívea Kassandra relatou que procurou a programação nas redes sociais da Secult para aprender mais sobre o tema.

Nivia Cassandra

“É um assunto que me interessa muito porque diz respeito à nossa própria história. Quanto mais procuramos ler e nos informar, mais podemos adquirir senso crítico”, afirmou.

Programação segue até esta sexta-feira (22)

A 28ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes segue com programação cultural e literária até esta sexta-feira (22), das 9h às 22h, no Hangar – Centro de Convenções da Amazônia, em Belém. A entrada é gratuita até 21h, com atrações para todos os públicos e destaque para a valorização da diversidade de vozes da região.

Texto: Painah Silva / ascom Secult 

Eliana Ramos

21/08/2025 19h41
Por Comunicação (Feira do Livro)