Vozes da Ancestralidade dão notoriedade às lutas antirracistas


O debate de relações étnico-raciais tem aberto espaço para novos autores no mercado literário que contextualizam a história dos povos originários e tradicionais com responsabilidade e propósito de  desmistificar o Brasil que se conhece. A partir da literatura contemporânea, a cultura ancestral tem assumido posição de personagem principal e representativo. 

Os espaços públicos conquistados durante os últimos anos têm impactado o ensino e a diversificação de pesquisas acadêmicas, trazendo novas abordagens à literatura com o olhar ancestral e carregado de brasilidade, destaca Érika Gonçalves, pesquisadora sobre Educação Quilombola e pertencente à comunidade Quilombola de Mangabeira, em Mocajuba (PA).

“Temos a necessidade de trazer representatividade da literatura preta, porque historicamente esses espaços foram predominantemente ocupados por pesquisadores eurocêntricos; a própria educação por muito tempo foi dessa forma”, acrescenta.

Para Gonçalves, o interesse das pessoas por obras que dividam conhecimentos e discuta questões raciais surge pelo acesso de minorias às universidades, através de políticas públicas que buscam equalizar a educação no país. “Antigamente, nossos mais velhos não tiveram as mesmas oportunidades que nós. Embora ainda tenhamos um caminho longo, hoje já podemos identificar a valorização de obras que falam sobre a ancestralidade, cultura e identidade”, afirmou.

Com dia dedicado às Vozes da Ancestralidade, a pesquisadora fará parte da mesa-redonda "Guardiões do Saber", na Arena Multivozes da 27ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes. Falar sobre vivências pessoais e de sabedoria ancestral significa muito para que o público conheça sobre as lutas antirracistas, o preconceito e crie o estímulo ao pensamento crítico através da realidade contada, que por muito tempo foi invisibilizada, salienta Gonçalves.

"É de suma importância, principalmente nós, juventude, profissionais de comunidades tradicionais, quilombolas, que trazemos a exclusão dos nossos. Eu acredito que podemos influenciar as pessoas a refletir. Quando abordamos essas temáticas, trazemos à tona toda a história de um povo excluído e invisibilizado”, conclui.

21/08/2024 10h03
Por Comunicação (Feira do Livro)