‘Confluências Quilombolas’ é tema do papo cabeça desta quarta (21) na Arena Multivozes
Os convidados do papo cabeça ‘Confluências Quilombolas’, da manhã desta quarta-feira (21), vieram da comunidade quilombola Oxalá de Jacunday, em Moju, no Pará. Com o intuito de fortalecer a luta por direitos e ecoar narrativas aquilombadas, com histórias, arte e comunicação ancestral, a programação da Arena Multivozes celebrou o dia dedicado às ‘Vozes da Ancestralidade’.
A ativista quilombola e psicóloga Samilly Valadares, convidada para o evento, ressalta a importância de promover debates e trocas com essa temática em um espaço como a Feira, que busca impulsionar a democratização do acesso à leitura, sobretudo, incentivando a educação, que é a principal ferramenta de luta e defesa dos territórios quilombolas.
“Aquilombar é uma potência ancestral de chamamento e de resistência. Nós, quilombolas, somos guardiões da terra, nós somos responsáveis por lutar e por existir ancestralmente. Então, aquilombar é um chamamento para luta, para o fronte, para a confluência de saberes e fazeres na Amazônia e em todo o Brasil. E o tema do papo cabeça é justamente confluências quilombolas, que refletem nosso compromisso ancestral e também possibilitam formas de construir novos mundos possíveis”, enfatizou Samilly.
A professora municipal Lucilene Beltrão acompanhou mais de 30 alunos da Escola Padre Marcos Schawalder, em Marituba, para participar da programação. “Ver o brilho nos olhos de muitos estudantes tendo a oportunidade de vir, pela primeira vez, na Feira do Livro é muito gratificante pra mim, enquanto professora. E ainda ficamos muito felizes com a programação do dia, porque eles já têm contato com a teoria sobre quilombos, mas poder ouvir quilombolas, conhecer a palhaçaria quilombola, foi incrível”, destacou.
O papo cabeça, intermediado pela historiadora Izabela Nascimento, promoveu também a intervenção artística do Coletivo Perpetuar, criado em 2018, com palhaçaria quilombola. A artista Keyse Valadares, que interpretou a personagem ‘Squik’ durante a apresentação, explicou a importância da iniciativa para o Quilombo.
“O projeto é uma iniciativa coletiva que visa o conhecimento das identidades, ancestralidades e territorialidades quilombolas, por meio da arte, cultura e educação. Lá, a gente trabalha diversos segmentos, inclusive, a democratização do acesso à leitura no quilombo. Criamos a primeira biblioteca comunitária do território de Jambuaçu. A gente busca uma educação contextualizada na nossa realidade, uma educação quilombola de fato, de qualidade dentro dos nossos territórios”, pontuou artista.
A acadêmica de enfermagem Juliana Meireles pontuou a necessidade de debate sobre o tema dentro de uma Feira do Livro que reúne crianças, adultos e idosos. “A ideia aqui não é somente propagar e discutir sobre as lutas de quilombolas, mas entender o quanto esse debate pode fazer a diferença na nossa construção enquanto pessoa”, finalizou.
Por Comunicação (Feira do Livro)