Pluralidade literária é tema de bate-papo entre escritores

A programação finaliza o 3º dia da Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes, que segue até 25 de agosto


A  Arena Multivozes encerrou nesta segunda-feira (19) com o bate-papo “A pluralidade da palavra”, que promoveu o debate sobre a arte literária e ficção interpretadas pela comunidade LGBTQIAPN+. A atividade aconteceu às 19h, com a participação do artista e apresentador, Íkaro Kadoshi (SP), e o escritor e professor Felipe Cruz, no dia das Vozes da Diversidade e Inclusão.

Quem visitou a Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes hoje à noite pôde acompanhar o bate-papo sobre a escrita como ferramenta de resistência e humanização de minorias. De acordo com Felipe Cruz, o contato com obras produzidas por autores LGBTQIAPN+ dá notoriedade ao sentimento, à sobrevivência e descoberta das diversas formas de amar, bem como a literatura abre múltiplos imaginários que valorizem personagens gays, lésbicas, transexuais e a relação homoafetiva.

“O bate-papo apresenta a visão de pessoas LGBTQIAPN+ sobre a arte da palavra e da ficção como forma de elaborar a realidade. Mostra como a criatividade pode ser utilizada também como sobrevivência e estratégia para imaginarmos outros mundos, uma vez que o mundo em que vivemos, frequentemente, inviabiliza nossa existência. Creio que seja urgente e necessária a humanização da comunidade”, disse.

Acompanhado por Íkaro Kadoshi, artista Drag Queen e uma das principais referências de luta pelos direitos de LGBTQIAPN+ no Brasil, a conversa rendeu aprendizados e conciliou as vivências pessoais e literárias de cada palestrante. “Admiro muito o trabalho de Íkaro e me sinto muito sortudo em ter dividido a mesa com ele, tanto por se tratar de um dos artistas LGBTQIAPN+ mais inspiradores do atual cenário artístico quanto por ser uma voz sempre muito disposta a somar na luta pela igualdade e pelo respeito”, completou Felipe Cruz.

Os livros permitem criar cenários e ampliam a visão do mundo que se conhece, mas também é necessário que o público esteja aberto para conhecer novas narrativas. Ler histórias diferentes das suas é um interesse que instiga os autores para que novas literaturas surjam. “Eu acho que tudo passa pela educação primária que as pessoas precisam entender a graça de ler um livro. A gente sempre sai modificada. Ninguém sai ileso a um contato humano, mas também ninguém sai ao ler um livro”, acrescentou Íkaro Kadoshi.

Para a visitante Ana Carolina Ramos, 20 anos, a realização de atividades que tragam como tema a comunidade é fundamental para ajudar pessoas que ainda estão se descobrindo. “Eu sou LGBT e me interessei está sendo falado sobre a vivência e livros que, independente de qual sejam, mostra uma parte de nós que desconhecíamos”, afirmou. 

Livro é terapêutico – Sentir-se representado em páginas de livros foi um processo de autoconhecimento e construção pessoal, descreve Kadoshi. Para ele, os livros são redes de apoio que podem salvar da solidão e indiferença do mundo heteronormativo. “Às vezes temos muita dificuldade de se expressar e, [junto] à solidão que habita o corpo LGBTQIAPN+, a literatura traz o carinho que muitas vezes o mundo não dá”, concluiu.

19/08/2024 20h06 - Atualizada em 22/08/2024 10h41
Por Comunicação (Feira do Livro)